“Faço cinema para entregar sonhos”, diz cineasta Walter Carvalho

  • Por Jovem Pan
  • 23/08/2017 11h55
Johnny Drum/Jovem Pan

Walter Carvalho, renomado cineasta e diretor de fotografia, ficou 14 anos de sua vida reunindo depoimentos de seus colegas de trabalho para responder o que a sétima arte significava para eles, o que acabou dando origem ao documentário “Um Filme de Cinema”, que chega às salas brasileiras a partir desta quinta-feira.

Em conversa com a bancada do Jovem Pan Morning Show desta quarta-feira (23), Carvalho respondeu o que o cinema representava para ele e deu uma declaração poderosa sobre o assunto.

“Se você ver um filme de duas horas, metade desse tempo você passou no escuro. A passagem de um frame para o outro é um frame preto. O que você leva do cinema não é o que você vê, é o que sonhou. Eu faço cinema porque eu quero entregar sonhos”, disse.

O ponto de partida da história são as ruínas do Cine Continental, cinema abandonado no sertão da Paraíba. O veterano relatou a sua experiência ao encontrar o local caindo aos pedaços, já sem detalhado, mas que ainda tinha um projetor com um rolo de filme encaixado, cheio de poeira e teias de aranha.

Mas será que o cinema brasileiro na atualidade pode ser comparado com o Cine Continental e estar em ruínas? Segundo o cineasta, o cinema brasileiro sempre caiu e se levantou em seguida.

“Você fez uma comparação do cinema brasileiro coma s ruínas do cinema que filmei. O cinema brasileiro cai e levanta. É um processo de fases e retomadas. O país não vai bem, está ladeira á baixo. Se está tudo mal porque a política está errada, o cinema também faz parte disso”, explicou.

Uma das discussões dos últimos meses é a queda de braço entre cineastas tradicionais e as plataformas de streaming, que vem investindo em produções que vão direto para a TV e não passam pelas películas tradicionais. Carvalho aponta que é necessário o cinema seguir se reinventando.

“Eu acho que as plataformas novas fazem parte do mundo da comunicação e o cinema tem que se adaptar. Tem que ocupar lugares em que cinco anos atrás era difícil de pensar. É inevitável. O cinema nasceu preto e branco e mudo, com velocidade alterada. O cinema foi se modificando como tudo na sociedade”, opinou.

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