Padre Juarez desmente rixa entre ciência e religião: “a Igreja nunca contestou a evolução”

  • Por Jovem Pan
  • 17/04/2014 14h26
Jovem Pan

Quem costuma ouvir o Pânico deve ter estranhado o programa desta quinta-feira (17). Isso porque o convidado do dia foi o Padre Juarez de Castro, que, entrando no clima da Páscoa, esteve na bancada para falar sobre fé e espiritualidade. Durante sua participação, o padre comentou algumas das dúvidas mais frequentes do público, como, por exemplo, a eterna “briga” entre ciência e religião. 

“As pessoas acham que existe antagonismo entre as duas coisas. Não existe! Quem inventou o método cientifico foi a Igreja. A Igreja falou que não se pode acreditar nas coisas sem perguntar, sem questionar, depois a ciência usou isso (…). A Igreja em nenhum momento deixou de acreditar na teoria da evolução, por exemplo. É bom ressaltar isso. Nunca nem contestou. Sabemos que em alguns lugares mais conservadores as pessoas não aceitam o evolucionismo, mas a Igreja nunca se colocou contra. Até porque essa teoria não descarta Deus. Deus está no início. Foi ele que deu o ‘start’ para que tudo evoluísse. A própria Bíblia fala da teoria da evolução de maneira simbólica. Nela, Deus cria os dias aos poucos, dia 1, dia 2, dia 3… Tudo a partir do Big Bang. Isso é evolução”, disse. 

O padre falou também a respeito de alguns mitos presentes no livro sagrado dos cristãos que costumam confundir os leitores (adeptos ou não da religião). Para exemplificar, ele usou a história da Arca de Noé. 

“Temos que lembrar que a Bíblia usa uma linguagem mitológica. E mitologia não é mentira, é outra maneira de contar verdade. O mito do dilúvio existe em todas as culturas. Claro que não houve uma enchente no mundo inteiro daquele jeito, seria impossível. Houve uma enchente no mundo que era conhecido até então, a Mesopotâmia. Aconteceu essa enchente, e um patriarca percebeu que tinha que salvar seu povo. Imagina se ia ter uma arca imensa com todos os bichos do mundo, e Noé ia colocá-los ali sozinho? Não tem jeito. Você tem que ler espiritualmente. A arca é o símbolo de Deus que acolhe todos em seu coração. A água é a perdição, o pecado, por isso Jesus caminha sobre. Temos que interpretar assim”, afirmou.

Juarez comentou ainda a queda na popularidade do catolicismo, especialmente no Brasil. Para ele, as pessoas perderam o conceito original de fé e têm desvirtuado cada vez mais os ideais da religião. 

“A religião não é nossa inimiga. Elas nos dá parâmetros. Não só a católica, mas todas as outras. Tirando as que roubam, pedem dinheiro, vendem coisas… Acontece o seguinte: nós temos dentro de nós uma lei natural. Sabemos desde sempre o que é certo e errado. A religião vem para nos ajudar a seguir esses parâmetros”, explicou. “Claro, assim como tudo, ela tem o perigo de se resvalar para o negócio. Temos que ter cuidado para não tornar o dinheiro tão essencial”, completou. 

Por fim, o padre revelou como foi o início de sua carreira, comentou as polêmicas de corrupção envolvendo o Banco do Vaticano, contou detalhadamente a história da Páscoa e rasgou elogios ao Papa Francisco. 

“Nada que ele fala é novidade. É tudo o que a Igreja sempre falou. A única diferença é ele. Ele fala com autoridade porque sabe o que fala. Não vive no luxo, está no meio do povo. É um exemplo de homem que não tem mentalidade de príncipe. Ele quer mostrar o que Igreja tem que fazer na prática. Não é um ‘papa moderno’, como dizem, ele fala o que a Igreja sempre falou, mas com ternura. Está certo, não pode falar com imposição. Às vezes os padres querem impor, não propor. Esse não é o discurso da Igreja”, finalizou. 

Confira a íntegra no áudio.

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