“Você vira um rótulo na TV”, diz Virgínia Cavendish sobre personagens sensuais

  • Por Jovem Pan
  • 29/08/2017 14h16
Johnny Drum/ Jovem Pan

Com mais de 20 novelas e 10 filmes no currículo, Vírginia Cavendish já interpretou os mais diversos personagens ao longo da carreira. Em conversa no Pânico na Rádio nesta terça-feira (29), a atriz explicou sua recusa em repetir papéis de mulheres sensuais, como as que fez em “Lisbela e o Prisioneiro” e “As Filhas da Mãe”.

“É uma delícia fazer esse tipo de personagem, mas a questão é que você vira um rótulo na TV em um minuto. Aí eu só vou fazer esse personagem até os 100 anos”, lamentou.

Logo depois dos papéis de 2001 e 2003, a atriz decidiu viver uma personagem completamente diferente em “Avassaladoras”, justamente para se distanciar da imagem: “fiz uma ‘workaholic’ para quebrar mesmo porque fazer sempre a mesma coisa é uma bitolação”.

Virgínia ainda se posicionou sobre o uso de cenas de nudez em obras – seja nos palcos ou na tela – e ponderou. “Por uma boa obra eu ficaria pelada”, falou. “Se [a nudez] não estiver 100% inserida na trama, sai da história. Tem que ser natural senão fica apelação”, concluiu.

Agora longe das telas, a atriz está se dedicando a outra paixão: o teatro. Junto com Zéu Britto e um elenco com nomes de peso, ela estrela “Não Vamos Pagar!”, comédia escrita em 1974, que se assemelha com a realidade de crise brasileira.

“Parece que foi escrita para agora porque tem tudo a ver com o que estamos vivendo”, explicou. No espetáculo, mulheres decidem saquear um mercado quando percebem que os preços do produtos aumentaram devido à crise.

“[As mulheres] não têm caráter de bandidas, mas é preciso sobreviver e está difícil. É ilegal, mas é um ilegal em um momento em que está tudo mais ilegal (…) Ao mesmo tempo em que elas estavam roubando elas estavam com razão”, disse ao ressaltar que o ponto chave da peça é o despertar para viver em sociedade.

“Precisamos saber que tipo de cidadão queremos ser e vamos juntos tentar estabelecer algo para todos. Precisamos melhorar para todo mundo”, defendeu.

A peça “Não Vamos Pagar!” estreia nesta sexta-feira (1) no Teatro Folha, em São Paulo. As sessões acontecem às sextas, às 21h30; sábados às 20h e as 22h; e domingos às 20h.


Lei do Incentivo

Questionada sobre a validade da Lei do Incentivo, Virgínia foi direta em defender a importância da lei, mas afirmou que ela precisa de melhorias.

“Em um país que tem 2% do total [destinado] para a cultura, é um começo”, falou. “Ela é necessária, mas tem muitos problemas que precisam ser corrigidos”, ponderou.

“Temos que discutir o que está dando errado e o que está dando certo. E tem que ter cuidado para o governo e o estado escolherem projetos e empresas escolherem outros também. Tem que ter as duas coisas”, defendeu.

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